“Tudo é uma Escolha"

Foi o que disse a voz da minha consciência hoje, minutos antes de vestir o kimono para ir treinar.

Com o corpo um pouco dolorido e sem muita vontade, havia surgido o desejo de pular aquele treino. Era para ser o terceiro de uma semana em que havia me comprometido em treinar, pelo menos, 3x Jiu-jitsu.

Naquele pequeno momento a voz disse: "Tudo é uma escolha". Terminei de me arrumar e fui treinar.

⚡ A Sincronicidade Como Guia

Uma hora e meia mais tarde, o professor Paulo estava passando a mensagem do dia e disse:

A vida tem essa forma sutil de nos confirmar quando estamos no caminho certo. Para Jung, sincronicidades são momentos onde nossa realidade interna se conecta significativamente com eventos externos - não por acaso, mas por uma teia de conexões que transcende nossa lógica habitual.

Durante essas experiências, é fácil ouvirmos o cínico em nós, que duvida e busca afastar o acontecimento da consciência sob o pretexto de que foi apenas uma coincidência aleatória.

Porém, com o tempo, a vida tem me mostrado o quanto ela é mais rica e inter-conectada do que nossa capacidade lógico-racional consegue compreender.

É como perguntar: o que faz uma flor desabrochar? Ela não desabrocha por um único fator — nem apenas pelas horas de sol, nem só pela temperatura, nem unicamente pelos hormônios. Ela desabrocha porque todo o contexto permite: genes específicos ativados, temperatura adequada, luz suficiente, hormônios em equilíbrio.

O momento presente cria as condições para que ela naturalmente desabroche.

E quando a vida fala conosco através dessas sincronicidades, devemos ouvir e ser como a flor que responde gentilmente ao contexto.

🧠 A Consciência Como Contexto

Isso nos leva a uma percepção fundamental: você é sim fruto do seu contexto, porém, existe uma diferença essencial — a externalidade é o conteúdo, sua consciência é o contexto, e não ao contrário.

Vivemos presos numa ilusão criada pelo apego a tudo isso que é passageiro: o que vemos, ouvimos e sentimos. Tudo passa. Porém tudo isso que passa, passa por um lugar. Passa pela nossa consciência. Passa pela testemunha que observa tudo que acontece conosco.

Somos condicionados a acreditar que a matéria e o mundo perceptível — visão, audição, tato, pensamentos e emoções — são a essência do que acontece. Mas isso só é verdade na medida em que você está identificado com esses eventos.

Uma possibilidade mais sutil é a identificação com a testemunha, com o observador dos eventos onde tudo isso acontece. Com a prática, você consegue expandir seu senso de identificação para além das emoções e acontecimentos, reconhecendo-se como consciência pura e imutável.

É a diferença entre ser uma folha ao vento e ser a árvore que flexiona com a tempestade, mas permanece enraizada.

🔑 Transformando Teoria em Prática

Na vida cotidiana, isso significa que o contexto sob o qual você executa qualquer ação é muito mais importante do que a ação sendo executada.

Ir ao treino sob o contexto de praticar seu poder de escolha, cuidar do corpo e demonstrar amor ao aprendizado é completamente diferente de ir sob o contexto de "preciso ser forte, senão sou um fraco".

É como lavar louça sentindo gratidão pelo lar que você tem versus lavar louça irritado porque "tem que fazer". A ação é a mesma, mas a experiência é completamente diferente.

Praticar isso significa: priorizar, sempre, primeiro o desenvolvimento do estado de consciência adequado. Primeiro você se coloca num estado mental do qual a ação que você realmente deseja irá fluir de maneira natural. Depois você realiza a ação.

Isso não significa que você não enfrentará resistência. Porém, com o conhecimento de que você é a consciência onde a resistência ocorre, você pode deixar espaço para ela ser, para ela passar por você. Você pode ouvir a voz que diz para não ir treinar e acolhê-la, reconhecendo-a como uma manifestação do pequeno eu, do ego que tem medo, preguiça e busca conforto mais do que crescimento.

🌱 Poder Verdadeiro vs. Força Limitada

David Hawkins, em "Poder vs. Força", nos ensina uma distinção fundamental que conecta perfeitamente com essa experiência. A força se baseia na resistência, no controle e na coerção — seja externa ou interna. O poder, por outro lado, flui do alinhamento com princípios mais elevados e é sustentável.

Quando eu quase pulei o treino, minha primeira reação foi pensar em usar força: "Você disse que ia treinar 3x, então tem que ir!" Isso é força — baseada em deveres, obrigações e pressão interna. A força sempre se exaure porque luta contra a resistência natural.

Mas ao se conectar com uma escolha consciente, você acessa algo diferente. O poder de ir treinar não veio de me forçar, mas de me alinhar com o que eu realmente valorizo: cuidado com o corpo, prática da disciplina consciente e amor ao aprendizado do esporte.

Esse é o nosso VERDADEIRO poder de escolha. Escolher a forma como contextualizamos cada situação antes de entrar em ação.

A força pergunta: "Como posso me obrigar a fazer isso?"
O poder pergunta: "Como posso me alinhar com o que realmente importa?"

• A força gera resistência interna e externa

• O poder gera expansão e fluxo natural

• A força drena nossa energia vital

• O poder a regenera

🚀 Próximos Passos: Integrando o Aprendizado

Esta semana, experimente esta prática simples:

Antes de qualquer atividade importante:

1. Pause por 30 segundos

2. Pergunte-se: "De que estado de consciência quero realizar isso?"

3. Respire e permita que a ação flua desse lugar de poder, não de força

Lembre-se: você não precisa forçar a si mesmo para crescer. O crescimento acontece naturalmente quando você cria o contexto adequado — assim como a flor que desabrocha quando todas as condições se alinham.

A escolha está sempre disponível. E quando escolhemos do lugar do poder, não da força, descobrimos que a vida nos apoia de formas que nossa mente nunca poderia prever.

Tudo é uma escolha. E você sempre pode escolher o poder.

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