Seriedade como disfarce do ego

Como reconhecer a imensidão imóvel que existe dentro de você

🌪️ A Armadilha do Movimento Constante

Você se atrasa para um voo importante.

Ou esquece de preparar uma parte do material que vai levar para uma reunião.

Isso gera um sentimento de frustração e irritação oriundo da importância atribuída à situação.

Além da importância atribuída à situação também existe a importância atribuída a nós mesmos.

Julgamos aquilo que fazemos como de altíssima importância. Nos movemos para cima e para baixo com pressa.

Levando tudo tão a sério. Temos tantas expectativas. Realizamos tantas atividades.

Tudo isso pois julgamos necessário e até "responsável" agir dessa forma.

Será mesmo?

Será que precisamos desse senso de importância exacerbado para realizar as atividades que são realmente necessárias?

Ou seria essa tensão adicional uma armadilha do ego para manter nossa atenção lá fora ao invés de investigar o aqui dentro?

💎 A Natureza do Que Realmente Importa

Pensar sobre isso é refletir sobre a natureza do que realmente faz a diferença nas nossas vidas.

Alguma vez todo esse movimento, toda essa agitação, mudou algo, de verdade?

Não me refiro às mudanças lá fora. Não estamos falando das variadas atividades, pessoas e cenários que fazem parte da nossa realidade.

Me refiro à qualidade da nossa experiência subjetiva pura.

Estamos, de fato, nos sentindo melhores com relação a nós mesmos? Ou estamos utilizando todo esse movimento para nos distrair de algo mais profundo?

É necessário entender a intenção e natureza do seu movimento.

Quem é aquele que se move? E quem é aquele que observa o movimento?

🌊 A Água e a Energia

Existem esses dois elementos dentro de nós. Como a água que tem sua própria existência como substância imóvel mas que, ao aplicarmos uma energia, começa a se mover.

Somos a água e a energia. A imensidão estática e todo seu conteúdo dinâmico.

Esse movimento todo funciona como uma espécie de hipnose. Que nos puxa para dentro de si e faz com que esqueçamos da imensidão imóvel.

Ao esquecermos dessa presença nos apegamos excessivamente ao movimento.

E começamos a levar tudo a sério demais. Nossa história, quem somos, onde nascemos, com o que trabalhamos e etc.

📸 Capturando o Vento

Fazemos um esforço constante para manter uma imagem coesa disso tudo para chamarmos de eu.

Estamos tentando congelar o movimento. Capturá-lo em uma foto para que possamos apontar e dizer: ele é assim.

Isso é o mesmo que tentar prender o vento.

Não podemos tornar estático aquilo que tem natureza dinâmica.

Da mesma forma, não podemos colocar em movimento aquilo que é, em sua essência, imóvel.

🔍 Os Dois Elementos

Reconhecer esses dois elementos dentro de si é aprender a lidar consigo mesmo.

Perceber que todo movimento está acontecendo sobre um pano de fundo infinito, imóvel e silencioso.

Tudo nasce e retorna para esse mesmo ponto.

Começamos identificados com o movimento. Pensamentos, sensações, nossas histórias de vida e aquilo que está acontecendo na nossa volta.

Observando esses conteúdos é possível perceber que existe um contexto. Um ponto subjetivo silencioso onde todo esse conteúdo acontece.

Esse é um lugar mais calmo.

🕊️ A Liberdade Através da Percepção

A partir dele podemos observar o movimento e aprender com ele.

Entendemos com mais clareza certos aspectos da nossa personalidade.

E gradualmente reduzimos a identidade atrelada ao corpo, mente, pensamentos e sensações.

Isso não significa dizer que essas dinâmicas irão sumir da consciência. Mas, através da percepção do espaço, ganhamos mais agência sobre nossa camada da realidade.

Deixamos de ser vítimas da personalidade, não estamos mais amarrados a ela da mesma forma.

Temos mais clareza para observar nossas escolhas e deixamos de agir de forma tão automática perante nossas reações mais primordiais.

Começamos o processo de sermos, realmente, livres.

🎯 Um Exercício Prático

Perceba, no seu dia a dia, tudo aquilo que passa: pensamentos, emoções e tudo mais que pertence ao mundo dos sentidos.

Observe, em sua experiência, que existe uma espécie de centro, sem forma, sem limites, que engloba tudo isso.

É um exercício bastante direto mas que requer certo refino da capacidade de atenção e certa coragem para abandonar os conceitos mentais que já temos formados.

Observe a realidade de forma radical, desatrelado de todas ideias que tem a seu respeito.

Abandone os conceitos mentais e olhe, na sua experiência subjetiva, onde está o limite da sua consciência?

Onde você percebe esse fim? Ele existe?

Onde ocorrem os pensamentos? O que existe nos espaços entre eles?

♾️ O Espaço Infinito

No começo esse espaço é, aparentemente, pequeno. Mas já está lá. Com atenção você começa a perceber que, na verdade, esse espaço é infinito e, mais que isso, é cheio de amor.

Tenha paciência no processo, não se preocupe em compreender tudo de uma vez. A compreensão não acontece no mesmo espaço lógico-racional que estamos acostumados.

A compreensão funciona como uma impressão subjetiva profunda. Um saber que não exige pensar para comprovar que se sabe.

Mantenha-se aberto, seja corajoso e ame intensamente. Mantenha sua intenção pura e descanse na certeza de que tudo que você precisa já está dentro de você.

📚 Recomendação de Conteúdo

Neste breve trecho, Dr. Hawkins propõe ir além do domínio do pensamento e do controle da mente, sugerindo um caminho de identificação com o “campo” ao invés do conteúdo. Ele fala sobre como mudanças verdadeiras partem de uma escolha de ser, e não do esforço racional, apontando para a espontaneidade e naturalidade no modo de agir ao se tornar o próprio campo daquilo que se deseja manifestar na vida.

Obrigado pelo seu tempo,

Jonata Santos