O Silêncio Aponta Para o Eterno

Existe um "ruído" constante na mente.

É apenas... tráfego mental. Pensamentos aleatórios, habituais, sem propósito definido.

E porque nos acostumamos com isso, simplesmente não questionamos. Esse shhh constante acontece o tempo todo, como uma névoa que cobre a clareza do nosso Ser.

Os sábios de todas as tradições nos alertam: não considere esse ruído como inofensivo. Não aceite o hábito de se perder nele.

Por quê?

Porque esse ruído mantém inflada a identidade que precisa existir para se relacionar com seus pensamentos.

Essa atividade aparentemente inocente sustenta o estado de "pessoa" — uma camada de névoa que cobre a pureza do que você verdadeiramente é.

🧘 O Exercício Radical

Existe um exercício que nem todos conseguem abraçar de imediato. Mas para aqueles que estão prontos, ele representa um atalho direto para a liberdade.

O primeiro passo é observar com desapego. Desidentificar-se da atividade da mente — não apenas dos pensamentos sobre o mundo externo, mas do próprio "material mental" interno.

Quando você pratica essa desidentificação, algo fascinante acontece: sua consciência começa a se abrir. Em vez de consciência de coisas, surge consciência da própria consciência.

O campo da percepção parece se expandir. Torna-se mais evidente para si mesmo.

Deixado sem vigilância, o ruído da mente simplesmente continua. Persiste até durante o sono. Fundamenta os sonhos. A mudança radical que proponho é esta:

Cada vez que a mente surgir observando, cada vez que o "eu" aparecer assistindo — traga a atenção de volta para a testemunha.

🌊 A Natureza da Testemunha

A testemunha não tem identidade. Não tem estrutura. É apenas... testemunhando.

Traga tudo de volta para esse testemunhar, ou simplesmente para o vazio. Cada vez que um pensamento surgir, deixe-o perecer antes que prolifere. Assim que aparecer, traga de volta.

É um exercício forte. Um exercício de Mestre.

Você vai começar e, em algum momento, sentirá: "Uau". A força da mente parecerá não aceitar isso. Ela quer se expandir, se esticar. E o que você está fazendo é não alimentá-la — não dar a atenção que ela deseja.

Trazendo a atenção de volta para a pergunta:

"Para quem esses pensamentos estão vindo?"

"Para quem eles estão aparecendo?"

E a resposta natural surge: "Para mim. Não para você, nem para ele — para mim, aqui."

Esse "mim" é outro nome para o falso "eu" — o senso de ego, de identidade pessoal.

🌱 Educando a Criança Selvagem

Sei que alguns de vocês desejam profundamente essa prática. Ser realmente rigoroso com ela.

Não significa que você precisa desistir de nada para fazer isso. Mas esteja disposto a dedicar-se. Sentar e praticar esse exercício de observação da mente. Cada vez que ela surgir, não deixe crescer. Não regue essa planta.

Traga de volta para o vazio de onde a própria visão dela está vindo.

Talvez você precise assistir a esse processo repetidas vezes antes de começar a exercitar. Apenas escute. Compreenda. Continue trazendo de volta. Neutralize.

Depois de um tempo, você quebra a velocidade. Quebra essa saturação.

A mente surge do Coração, do núcleo, mas saiu como uma criança selvagem, indisciplinada. Agora você está aplicando disciplina — e isso vai parecer muito frustrante tanto para a criança quanto para o pai. Nessa posição, você é o pai. Trazendo de volta.

Haverá resistência. Mas o que você está fazendo é criar um atalho para a liberdade.

🎯 Como Praticar

Faça isso mesmo por curtos períodos:

• 5 minutos — para iniciantes

• 10 minutos — quando se sentir mais confortável

• Períodos mais longos — conforme a prática se aprofundar

Não deixe os pensamentos florescerem em uma floresta. Mantenha aqui. Reduza até a árvore. Reduza até a raiz. Reduza até o vazio.

Permaneça no vazio.

Gradualmente, você começa a ver que o vazio está por trás de todas as coisas. É o portador de tudo. E sendo esse estado vazio, quanto mais você observa assim, mais o campo da consciência parece se expandir.

Você começa a perceber: espere um segundo... não é apenas quietude. É imenso. E não é um pensamento.

Não pense que você é a consciência. Você precisa ver e ser ela.

✨ A Presença Revelada

Gradualmente, você percebe que o mundo — a atividade mental, o lugar onde a mente habita — simplesmente se dissolve.

E o que permanece?

Tudo, absolutamente tudo, está flutuando na existência da própria consciência.

Essa consciência é a energia de Deus. É a presença de Deus. Quando você entra em oração profunda, meditação profunda, está sendo trazido de volta para essa presença. Tornando-se consciente dela.

Significa deixar o mundo dos pensamentos, isolar-se disso para estar na presença. E essa presença e a consciência são uma só.

Você é essa Realidade.

Isso não é um elogio. É simplesmente a Verdade descoberta.

E lembre-se: não há fracasso. Não conte nada como fracasso. Mesmo quando a mente vier muito barulhenta... isso apenas significa que está sendo mais exposta. Nessa exposição radical, todo seu trabalho sujo está aparecendo.

Você não é isso.

Você é a testemunha do processo.

Acostume-se com isso.

Forte Abraço,

Jonata